Dinheiro dos respiradores: governador da Bahia diz que ‘não tem rabo preso’

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O governador da Bahia, Rui Costa (PT), deu entrevista nesta segunda-feira, 15 de junho, à TV Itapoan/Record (BA), se defendendo das especulações sobre a malsucedida compra de respiradores pelo Consórcio Nordeste, do qual é presidente. 

A negociação deixa muitas pontas soltas, tem declarações contraditórias, foi um mau negócio para o estado e requer esclarecimentos também do ex-secretário da Casa Civil  Bruno Dauster, que sumiu do mapa. 

Entenda o imbróglio

1 – Pivô das negociações da compra dos respiradores, o ex-secretário da Casa Civil, Bruno Dauster, ex-OAS, foi citado pela representante da empresa Hempcare após ela ser presa;

2 – A Hempcare seria do ramo de derivados de maconha medicinal e teria sido contratada por R$ 400 mil para intermediar a compra dos respiradores, iniciando uma ciranda de intermediários que teriam recebido ‘ponta’ pela participação na transação;

3 – Seriam 300 respiradores para UTI, quando todos sabiam que o produto estava em falta no mercado;

4 – A empresa nunca fabricou ou comercializou respiradores, mas ninguém desconfiou que era alto o risco de não dar certo a ponto do contrato não exigir garantias para indenização em caso do vendedor não entregar. Por sinal, o vendedor já declarou que não vai devolver o dinheiro;

5 – Pior: o governo do estado pagou os respiradores adiantado, R$ 48 milhões, em 48 horas;

6 – Apesar da confusão sobre as especificações técnicas dos respiradores, em momento algum entram em cena, segundo relatos conhecidos na imprensa, o secretário de Saúde ou algum especialista no produto. Nenhum teste foi feito com o produto adquirido.

“Não tenho rabo preso”

Segundo sua assessoria, o governador Rui Costa afirmou na entrevista desta segunda à TV Itapoan/Record: “não tenho rabo preso. Quero investigação e devolução de todo dinheiro público”. 

O petista ressaltou que sempre prezou pela honestidade e pelo cuidado com o recurso público, em quase 40 anos de carreira profissional, e que não descansará até que tudo seja elucidado e o dinheiro devolvido aos estados que integram o Consórcio Nordeste.

“Eu tenho 39 anos de carreira profissional. Já trabalhei em fábrica, fui diretor de sindicato, vereador, secretário, deputado e hoje sou governador. O único patrimônio que eu tenho é um apartamento, que ainda estou pagando, porque não escolhi, para minha existência aqui na terra, acumular patrimônio pessoal”.

O governador pontuou que todos devem pagar pelos erros e crimes cometidos, não importa quem esteja envolvido. “Eu não tenho compromisso com nenhuma pessoa que fez coisa errada, não me interessa quem seja. Eu não tenho rabo preso com ninguém. Eu quero apuração, quero investigação, quero o retorno do dinheiro público não somente para a Bahia, como para todos os outros estados do Nordeste”, reforçou.

“Faça a coisa certa”

Ao final, Rui fez um pedido. “Meu apelo para quem ocupa cargo público é ‘faça a coisa certa’ (…) Nunca autorizei ninguém a fazer nada de errado, nem mesmo as pessoas que, eventualmente, eu nomeei para o governo. Não vou descansar até que ocorra a conclusão de todo o processo e que as coisas fiquem devidamente claras!”.