Carta de desembargadora baiana presa põe em xeque a Operação Faroeste

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04/06/21 – Com insinuações envolvendo o procurador-geral da República, Augusto Aras, e a subprocuradora Lindôra Araújo, a desembargadora Ilona Reis (foto), de 71 anos, que está presa em Brasília por envolvimento no esquema de venda de sentenças do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), investigado na Operação Faroeste, escreveu à mão uma carta de 67 páginas, cujos trechos foram publicados pela revista Crusoé, essa semana, relatando ter sofrido coação e extorsão por parte do advogado César Oliveira, que teria se apresentado em nome do PGR e oferecido livrar a magistrada da Operação em troca de uma delação onde ela citasse o senador Jaques Wagner (PT), o deputado federal Ronaldo Carletto (PP) e o empresário Carlos Suarez (ex-OAS), entre outros.

Ilona relata na carta que não teria topado o acordo. Ela foi presa em dezembro de 2020, em mais uma fase da Operação Faroeste e levada para Brasília, onde cumpre prisão preventiva. Oriunda do Ministério Público baiano, Ilona foi indicada para o TJ-BA, em 2013, pelo então governador Jaques Wagner.

Venda de sentenças

A Operação Faroeste, deflagrada em novembro de 2019, investiga a venda de sentenças no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) e prendeu magistrados ligados ao suposto esquema criminoso, por ordem do STJ (Superior Tribunal de Justiça), a pedido do Ministério Público Federal. Hoje, após 7 fases, cerca de 30 suspeitos, entre magistrados, advogados e empresários, são investigados e respondem a processos. 3 desembargadoras do TJ-BA ainda estão presas em Brasília: Ilona Reis, Lígia Ramos e Maria do Socorro Santiago. 

Nota da PGR sobre a carta de Ilona: 

“A desembargadora Ilona Reis está presa desde dezembro de 2020 na Papuda, em Brasília, por decisão da Corte Especial do STJ, da relatoria do ministro Og Fernandes, da Operação Faroeste. A prisão já foi reiterada pela Corte Especial do Tribunal após análise de farto acervo probatório documental e pericial. As provas apontam para a existência de uma organização criminosa que vendia sentenças, formada por desembargadores, advogados e autoridades policiais, fazendo parte da apuração inclusive crimes de homicídio. Na condição de investigada, Ilona Reis pediu para ser atendida na Procuradoria-Geral da República. A audiência foi realizada na Assessoria Jurídica Criminal e, conforme os padrões de atendimento em casos desse tipo, na presença de vários procuradores. Na oportunidade, a desembargadora manifestou interesse em fazer acordo de colaboração premiada. Embora tenha havido um segundo encontro também a pedido da desembargadora, o acordo não foi firmado. De forma paralela, em decorrência de diligências concluiu-se a coleta de provas contra a investigada e o pedido de prisão foi encaminhado ao STJ. Surpreende que a alegação da agora ré não tenha sido apresentada no processo, mas na imprensa. O PGR repele as insinuações.”

Advogado nega

O advogado criminalista César Oliveira, que estudou no mesmo colégio com o PGR Augusto Aras, em Feira de Santana, nega os relatos da carta. 

Foto: Reprodução/Youtube.