Clima tenso entre PF e MST em Juazeiro e Casa Nova

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A Polícia Federal cumpre nesta segunda-feira, 25 de novembro, mandados de reintegração de posse em assentamentos do MST nos municípios de Juazeiro e Casa Nova. 

As terras são da Codevasf. 

Informações que chegam ao Bahia40graus pela assessoria do MST mostram áudio de uma emissora de rádio local falando de prisão de um vereador, tiros, além de bloqueio à imprensa e políticos.  

PF diz que ação é pacífica

Segundo informações do Departamento de Comunicação Social da PF, o início da ocupação aconteceu em 2012, quando a área já havia sido destinada ao Projeto de Irrigação Salitre. No mesmo período, a Codevasf entrou com uma ação judicial pedindo a reintegração de posse, sendo que o cumprimento do processo judicial só chegou à fase de sentença agora em 2019.

Trabalhadores denunciam violência

Apesar da PF informar que a desocupação ocorreu de maneira pacífica e a Codevasf tenha disponibilizado ônibus para levar as famílias até uma nova área destinada, além de caminhões para conduzir os bens pessoais um novo local, os trabalhadores sem terra alegam que foram forçados a sair.

“Não foi pacífica. Um companheiro foi baleado na cabeça e eles acabaram com o acampamento. Nos assentamentos que foram desfeitos, eles produziam 7.200 toneladas de alimento por ano. Eram frutíferas, tinha manga, goiaba, uva, melancia, batata doce, aipim, acerola. De forma direta e indireta, mais de 5 mil trabalhadores, que trabalhavam nas lavouras. Os acampados ficavam no projeto Nilo Coelho”, afirma o responsável pelo setor de comunicação do MST, Jobson Passos Lopes.

Segundo as informações do movimento, foram feitos acordos que respaldavam a permanência dos trabalhadores no local.

“Eles estavam nesta área, porque já tinha tido uma conversa. Foram os acordos firmados com o Incra, ouvidoria agrária, Governo do Estado e a Codevasf. Eles estão descumprindo tudo isso, porque a bandeira dos governos agora é acabar com os movimentos sociais, inclusive a luta pela reforma agrária e o MST. As famílias, segundo os acordos, se saíssem de lá iriam sair para uma outra área que a Codevasf iria comprar. Só que até o momento não tem área comprada pela Codevasf, as famílias estão desoladas, sem saber para onde ir. A gente percebe que o governo quer acabar com o sonho do trabalhador rural, com o trabalhador sem terra”, explica Jobson.