Brasil desobedece OMS e só vai realizar testes em casos suspeitos de coronavírus
Números da pandemia no país podem estar subnotificados e ser bem maiores do que os oficiais. Em diversos estados, como a Bahia, há relatos de pacientes com sintomas não sendo testados. O primeiro óbito, um homem em São Paulo, não estava entre os casos confirmados. Para o presidente do Hospital Albert Einstein, médico-cirurgião Sidney Klajner, para cada caso notificado da doença hoje, existem outros 15 infectados sem diagnóstico.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou nesta quarta-feira, 18 de março, que o governo brasileiro continuará testando apenas pessoas que manifestem sintomas do coronavírus e criticou a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para que sejam feitos testes em massa na população.
Na entrevista coletiva ao lado do presidente Jair Bolsonaro e de outros ministros, Mandetta disse que a orientação da OMS é um desperdício de recursos e que não existe no mundo quantidade suficiente de kits de exame para testar toda a população que a entidade sugere.
“Tudo que é comentado na história das epidemias é fazer as testagens até que você tenha transmissão sustentável. E a partir do momento que você tem transmissão sustentável, fazer por sentinela e amostragem”, justificou Mandetta.
Mas a orientação da OMS é de que sejam testadas todas as pessoas que possam ser consideradas suspeitas e, em caso positivo, testar todos que tiveram contato com o caso confirmado nos dois dias anteriores e testá-los também, mesmo sem sintomas.
A alegação da OMS é que mesmo pacientes assintomáticos transmitem a doença. De fato, estudos mostram que boa parte das transmissões vem de pessoas assintomáticas. Mandetta afirmou ainda que os laboratórios centrais de todos estados estão habilitados para realizar testes localmente.
Para o ministro, o país poderá chegar à produção de um milhão de kits de teste nos laboratórios federais e irá também abrir para a produção de outras empresas, além de tentar comprar no exterior quando possível.
Os testes, disse o ministro, serão prioritariamente usados em pacientes com mais de 65 anos e um segundo tipo, nos pacientes mais jovens.