Acidente de Marília Mendonça: avião tinha problemas e piloto errou a rota
06/11/21 – Uma pesquisa no sistema da Anac, segundo o site Notícias da TV (UOL), mostra que a Pec Táxi Aéreo – dona do avião que caiu com a cantora Marília Mendonça e mais 4 pessoas a bordo – acumula 3 processos em Goiás. A grande pergunta que se faz hoje é: o acidente aéreo poderia ter sido evitado caso os 3 processos fossem apurados e os problemas relatados sanados?
O avião era um bimotor King Air da Beech Aircraft, fabricado em 1984. A aeronave decolou de Goiânia e caiu em uma cachoeira a cerca de 2 quilômetros da pista onde faria o pouso, segundo a Polícia Militar de Minas Gerais. A aeronave tinha capacidade para 4,7 mil quilos e podia levar até 6 passageiros.
As irregularidades relatadas à Anac colocavam em risco tripulantes e passageiros. Mas a Anac não fez nada. Pior, o sistema da Anac informa que a aeronave encontra-se em situação regular.
O site Notícias da TV (UOL) teve acesso aos processos. Em um documento do Ministério Público Federal (MPF) há descrição dos riscos do para-brisa do avião bimotor, com prefixo PT-ONJ. “O vidro fica embaçado, com prejuízo visual em pousos e decolagens, fato conhecido pela empresa, porém ignorado”, afirma o documento do MPF.
Área de pouso perigosa
Outro fator a ser levado em conta é que a área do acidente é inadequada e perigosa para rota de aproximação para pouso no aeroporto de Caratinga, no interior de Minas Gerais, por causa das torres de distribuição de energia elétrica no local. Pilotos evitam passar perto dessas torres no procedimento de pouso.
Nos meses anteriores ao acidente, outros pilotos haviam relatado aos órgãos aéreos da região que os fios elétricos poderiam atrapalhar o pouso no aeródromo de Caratinga. São relatos chamados Notam (Notificação Aeronáutica) que indicam dados sobre riscos e alertam outros pilotos que se dirigem à região sobre perigos para operar no local.
Uma testemunha do acidente, que também é piloto, relatou às autoridades que o avião da cantora teria perdido um dos 2 motores após colidir contra os fios, e o impacto fez com que a aeronave perdesse sustentação.
Segundo a Companhia de Eletricidade de Minas Gerais (Cemig), o avião que trazia Marília Mendonça a bordo bateu em um cabo de uma das torres. Erro do piloto, da Anac ou de quem? A rota deveria ser proibida com alerta para todos os pilotos.
Minutos antes
O piloto Geraldo Medeiros, também morto no acidente que matou a cantora, junto com o copiloto e 2 assessores de Marília, tinha larga experiência de voo com aeronaves maiores. Era piloto da TAM e foi demitido da empresa há pouco tempo. No procedimento de pouso – poucos minutos antes da queda – Medeiros não informou nenhum problema no avião, segundo relato do piloto Rafael Lacerda, que pousou em Caratinga pouco tempo depois da queda do táxi aéreo da Pec.
“Aquela é uma área que todos os pilotos evitam voar. A gente não sabe por que ele decidiu ir por ali”, comenta Rafael Lacerda.