Reportagem da Folha expõe a violência em Porto Seguro, Cabrália e região
13/11/23 – Uma reportagem do jornal Folha de São Paulo, assinada pelos jornalistas Fábio Victor e João Pedro Pitombo, mostra o cenário de violência da Costa do Descobrimento e extremo sul da Bahia, envolvendo facções ligadas ao tráfico de drogas, polícia, além da disputa por terras entre indígenas e fazendeiros.
Reproduzimos abaixo um trecho da reportagem:
No trecho do litoral sul baiano conhecido como Costa do Descobrimento, que reúne oito cidades – sendo Porto Seguro, Eunápolis e Santa Cruz Cabrália as mais populosas -, a média de mortes violentas intencionais em 2022 foi de 57,7 por 100 mil habitantes. O índice é mais que o dobro da taxa nacional (23,3) e está acima da média da Bahia (47,1).
O mesmo ocorre em relação à letalidade policial, cujo índice (13,7 por 100 mil habitantes) supera em mais de quatro vezes a média nacional (3,2) e é maior também que a média baiana (10,4).
Em Porto Seguro e em distritos como Trancoso, Arraial D’Ajuda e Caraíva, o pujante mercado turístico turbina o tráfico e as facções nas zonas urbanas. Em setembro passado, a polícia matou 13 pessoas em três dias, dizendo que todos eram criminosos ligados ao tráfico.
Na zona rural e em cidades vizinhas, como Itabela, Itamaraju e Prado, indígenas realizam o que chamam de retomada ou autodemarcação – a ocupação de territórios já delimitados pela Funai como terra indígena, mas ainda não homologados pelo Ministério da Justiça.
A resposta de fazendeiros que dizem ter a posse das terras costuma ser na bala. Em menos de um ano, três indígenas foram assassinados. Policiais militares a princípio presos acusados pelo crime respondem aos processos em liberdade. Uma força-tarefa com polícias Militar, Civil e Rodoviária Federal foi criada pelo governo do estado, mas, segundo os dois lados, o cenário só piorou desde então.
Em Cabrália, que abriga aldeias pataxós em zonas urbanas, ocorre a fusão entre os dois universos, com o tráfico e as facções se misturando às comunidades tradicionais e indígenas mortos pela polícia ou por criminosos rivais.
Redação / Bahia40graus com Folha de São Paulo