Desfile da Viradouro encanta com as ‘Ganhadeiras de Itapuã’
“Oh mãe, ensaboa mãe, ensaboa pra depois quarar”, o contagiante refrão da escola de samba Unidos da Viradouro encantou o público do sambódromo carioca na Avenida Marquês de Sapucaí, no noite de domingo, 23 de fevereiro, também ao Ao vivo na tela da Globo.
A Viradouro homenageou ‘As Ganhadeiras de Itapuã’, grupo musical do bairro que nasceu de uma vila de pescadores em Salvador, capital da Bahia, imortalizado em canções de Dorival Caymmi e Vinícius de Moraes.
Amadeu Alves
O músico, compositor e produtor artístico Amadeu Alves, um dos responsáveis pela projeção das ‘Ganhadeiras de Itapuã’ no cenário musical brasileiro, também desfilou, bem animado, em um carro alegórico da escola.
História das Ganhadeiras
O desfile foi ‘impecável’, na opinião dos comentaristas da Globo. A escola trouxe para o sambódromo a história das mulheres escravas que trabalhavam duro para conseguir sobreviver e até mesmo comprar a própria alforria, principalmente lavando roupa na Lagoa do Abaeté.
“As ‘Ganhadeiras de Itapuã’ podem ser consideradas as primeiras ativistas negras e feministas do Brasil”, explica Tarcísio Zanon, carnavalesco da Viradouro.
O enredo engajado ‘Viradouro de alma lavada’ narra a história das primeiras mulheres negras a conquistar o empoderamento feminino por meio do trabalho. Elas eram Lavadeiras que se reuniam para lavar roupa na Lagoa do Abaeté, em Itapuã, e quando estavam com os cestos vazios aproveitavam para vender frutas, milho, condimentos e peixes e caranguejos trazido por seus maridos. Quando o grupo conseguia algum dinheiro, comprava a alforria de escravos da região.
Para ajudar a sustentar a família, essas mulheres – muitas ex-escravas – faziam trabalhos manuais e vendiam cestos de palha, colares e adereços, como as chamadas joias de crioula, adornos geralmente de prata usados por africanas.
Das cantigas da beira da lagoa, nasceu o samba de mar aberto, que mescla características com as cirandas nordestina. Além da musicalidade do grupo, a Viradouro também vai retratar a religiosidade.
Das 36 integrantes, 22 desfilaram na última alegoria prestando uma homenagem à matriarca e vocalista Tia Maria do Xindó, de 73 anos. As menores de idade não desfilaram. A cantora baiana Margareth Menezes foi uma das convidadas da escola e também desfilou.