Vacinas não causam mal súbito afirma diretor do Instituto do Coração (Incor)
17/01/22 – Doenças cardíacas, são a principal causa de óbitos no Brasil e criadores de fake news ligados à corrente negacionista estão se aproveitando dessas ocorrências para atacar as vacinas contra a covid.
Em aplicativos de troca de mensagens e nas redes sociais, multiplica-se material “denunciando” um suposto aumento nas ‘mortes súbitas’ e relacionando isso à vacinação.
O esforço para criar dúvidas em torno de uma campanha de imunização que está ajudando a salvar milhares de vidas no Brasil conta com o apoio de perfis de grande alcance, como o da deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), da tropa bolsonarista.
FALA DO ESPECIALISTA
De acordo com o médico Jorge Kalil, diretor do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas de São Paulo (Incor), não há nenhuma evidência científica de que qualquer uma das vacinas que estão sendo aplicadas no mundo contra a covid causem óbitos por mal súbito.
“Os efeitos das vacinas são acompanhados em todo o mundo. Mais de 8 bilhões de doses já foram aplicadas no planeta e não se observou isso”, afirma Kalil em entrevista ao site brasiliense Metrópoles.
MIOCARDITE
O especialista explica que há sim relações documentadas entre vacinação e uma doença cardíaca, a miocardite, que é uma inflamação do músculo cardíaco. “Acontece sobretudo em homens jovens, saindo da adolescência. Mas quase sempre evoluindo de maneira benigna. O que é preciso frisar é que a própria infecção pela Covid aumenta o risco de miocardite muito mais do que a vacina. Aumenta 34 vezes mais”, complementa Jorge Kalil.
O diretor do Instituto do Coração diz ainda: “As pessoas transformam casualidade temporal em relação de causa: ‘tomou a vacina e dias depois teve um problema de coração’. Mas isso, por si só, não comprova causa”, explica ele. “E muitas das notícias sensacionalistas sobre o tema falseiam a própria proximidade temporal e outras informações”, concluiu.
FAKE NEWS
Um profissional do próprio Incor foi usado dessa forma. O fisioterapeuta Fábio Rodrigues teve um infarto na virada do ano e uma notícia falsa sobre o fato “informava” que ele tinha 25 anos e havia tomado a vacina duas semanas antes. O profissional, na verdade, tem 48 anos e tinha se vacinado em outubro. O infarto foi causado por fatores de risco como colesterol e triglicérides altos, obesidade e influência genética.