Lula evita falar do golpe militar de 1964 e revolta entidades
29/02/24 – Centenas de entidades de direitos humanos e da sociedade civil criticaram a declaração do presidente Lula (PT), de que não quer “remoer o passado”, ao falar a respeito do golpe militar de 1964.
Em uma nota divulgada nesta quarta-feira (28), mais de 150 entidades da Coalizão Brasil por Memória, Verdade, Justiça, Reparação e Democracia classificaram a fala do petista como “equivocada” e defenderam que tratar do golpe “não é remoer o passado, é discutir o futuro”.
“Repudiar veementemente o golpe de 1964 é uma forma de reafirmar o compromisso de punir os golpes também do presente e eventuais tentativas futuras”, diz o texto.
“Não aceitaremos que, mais uma vez, os governos negociem ou abdiquem dos direitos das vítimas para poder contemporizar com os militares. Não aceitaremos mais essa tutela cujo preço histórico quem tem pago são os familiares, todos os que foram atingidos por atos de exceção, todos que trabalham pela construção da memória para a defesa da democracia”, diz a nota.
Na carta, as entidades defendem ainda ser ‘impossível’ falar dos ataques golpistas às sedes dos três Poderes em 8 de janeiro de 2023 sem falar do golpe militar de 1964. Fazem parte do grupo, entre outros, a ABI (Associação Brasileira de Imprensa) e o Instituto Vladimir Herzog.
História
O regime militar (1964-1985) teve uma estrutura dedicada a tortura, assassinatos e desaparecimentos. Os números da repressão são pouco precisos, uma vez que a ditadura militar nunca reconheceu esses episódios. Auditorias da Justiça Militar receberam 6.000 denúncias de tortura. Estimativas feitas depois apontam para 20 mil casos.
Presos relataram terem sido pendurados em paus de arara, submetidos a choques elétricos, estrangulamento, tentativas de afogamento, golpes com palmatória, socos, pontapés e outras agressões. Em alguns casos, a sessão de tortura levava à óbito.
Fonte: Folha