Banquete Indigesto – Editorial do jornal A Tarde fala do escândalo gastronômico nas Forças Armadas

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30/12/21 – Um inusitado escândalo envolvendo as Forças Armadas, descoberto por acaso pelo TCU (Tribunal de Contas da União), revela que o Brasil não está acima de tudo para quem diz que está. Leia na íntegra o Editorial publicado no jornal A Tarde, na quarta, 29 de dezembro, a respeito do assunto:

“Picanha, filé mignon, camarão, bacalhau e salmão seriam alimentos aprovados pelos nutricionistas para fortalecer o organismo, bem como o preparo das receitas por bons chefs teria a missão de alegrar os homens das Forças para melhor servir à pátria, mas tão apetitoso cardápio deixou dúvidas aos auditores do Tribunal de Contas da União (TCU).”

“O enredo aumenta o grau de inusitado, porque os recursos do banquete teriam sido aplicados em detrimento de ações de combate à Covid-19, necessárias para salvar a vida de cidadãos, os mesmos contribuintes de cuja extração da renda é paga a conta pelo apurado paladar.”

“À submissão da saúde do povo às delícias da culinária, acresce outro (mau) exemplo de gestão, com o indicativo de benefício de sete empresas cujos sócios teriam como “comandante” um ex-capitão (expulso) do Exército, Márcio Vancler Augusto Geraldo.”

“O bem-sucedido “controller” detém a Mave Comércio e Serviços em Geral, a Phenix Comércio e Serviços em Geral e a Visionária Comércio e Serviços em Geral, revelando na repetição dos nomes das firmas não só uma coincidência, mas um indício, acrescentando-se a incompatibilidade entre o porte das companhias e os valores das contratações.”

“Também foi rastreado o fornecimento do mesmo e-mail para todos os concorrentes, nos pregões suspeitos de combinação, resultando no gasto de R$ 87 milhões do erário para encher as panças, fortalecendo a hipótese de escolha de competentes coordenadores na suposta rapina.”

“Por estes e outros apetites incontidos, pode-se entender a dificuldade de harmonizar o papel daqueles pagos para defender as fronteiras com o cumprimento do dever para com a pátria e a bandeira, estabelecendo, pela via da desfaçatez, a exposição da farda a tamanho vexame.”

“Seria demasiado inoportuno descartar a chance de prestar toda atenção às prováveis justificativas, considerando evitar o erro lógico de julgar o todo pela parte, pois a expectativa é de honradez e dignidade de quem se propõe a gerir áreas estratégicas para o bem-estar dos brasileiros.”

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Editorial – Banquete indigesto | A TARDE