Foto de Lula na capa da Folha causa polêmica

Compartilhe

A fotógrafa Gabriela Biló usou a técnica de múltipla exposição na foto emblemática publicada na capa do jornal Folha de S.Paulo de quinta-feira (19). Setores do PT odiaram a foto que mostra a vidraça do Planalto quebrada – vestígios dos atos de vandalismo golpistas de bolsonaristas golpistas – tendo ao fundo o presidente Lula com a mão no coração, como se tivesse sido atingido.

Gabriela narra por que e como fez a imagem que causou grande polêmica, inclusive com ataques de setores do PT ao jornal. 

fotojornalismo não é só registro, é também tradução do ambiente, no caso, do ambiente político —e pensei nessa técnica antiga de dupla exposição.

“Apontei a câmera para os trincos (na vidraça) do Palácio e depois para o presidente que estava no andar de baixo. Esperei. Esperei por uma expressão que simbolizasse aquilo que eu estava lendo: o Palácio resiste”.

A fotógrafa continua: “O presidente (Lula) ajeitou a gravata e fiz o segundo clique. Duas realidades, separadas por cerca de 30 metros, mas que já existiam no simbolismo que o fotojornalismo permite, se juntaram na minha câmera”, explica Gabriela Biló.

“A foto única trouxe sentimentos ambíguos e leituras diferentes; a meu ver, todos válidos. Há quem veja um presidente derrotado e morto, vítima da violência, há quem veja um poder inabalável, reconstrução, blindagem, resistência, entre muitas outras interpretações”, justificou.

E Gabriela concluiu de forma brilhante: “Como autora da foto, não vou dizer o que as pessoas têm que sentir, respeito como a foto chegou a quem viu violência. Mas a verdade não é uma só. Como a autora da foto, aceito as críticas. Ninguém é obrigado a ver o mundo da mesma forma que eu”.