A tragédia dos yanomamis não começou agora

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O modelo de ocupação da Amazônia foi intensificado na ditadura militar (vide a rodovia Transamazônica) e mantido pelos governos pós-ditadura. Sempre houve incentivo ou omissão ao garimpo e ao desmatamento criminosos por lá. 

O lema da ditadura para incentivar a ocupação daquela região era “terra de poucos homens, para homens de poucas terras”. E também, “Integrar para não entregar”. Portanto, matar índios, garimpar e desmatar de qualquer forma eram os efeitos colaterais do “progresso”. O mal necessário, segundo a doutrina da ditadura e dos defensores do “progresso”. Para o resto do país, a Amazônia era muito longe para se preocupar. Não se discutia meio ambiente, muito menos a influência do clima até pouco tempo. 

Mau exemplo recente

Na década passada, a usina de Belo Monte, em Altamira (PA), também impactou indígenas. E povos ribeirinhos. Depois se viu que foi uma obra sem nenhuma eficiência na questão energética. Quem vai cobrar esse passivo histórico?    

Yanomamis

O descaso com as terras yanomamis é só a ponta do iceberg da tragédia na Amazônia. Vai muito além da crueldade e descaso do governo bolsonarista. 

Assassinatos

Não se pode esquecer ainda a participação direta dos governos e do judiciário locais na impunidade de fazendeiros, madeireiros e garimpeiros. Na Amazônia, foram assassinados dezenas de líderes de movimentos sociais, indígenas, ambientais e religiosos que defendiam a posse de terras e o meio ambiente. Chico Mendes, Irmã Dorothy, a chacina de E Carajás, entre tantos.

Amazônia é um capítulo à parte da história do Brasil.  

Por Geraldinho Alves, jornalista e editor do Bahia40graus