APLB desiste da Educação e volta a fazer greve em Eunápolis

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A Educação parece mesmo não fazer mais parte do foco principal da APLB Sindicato dos Professores de Eunápolis. O negócio do sindicato parece ser, definitivamente, grana, salário da categoria, vantagens da carreira. Ou paga o que querem ou não tem trabalho. E o trabalho de professor é dar aula.

Concordo com Lula quando ele diz que “não há democracia sem sindicatos fortes”. Falou isso agora nos Estados Unidos. Lutar por direitos trabalhistas é justo e válido, mas com responsabilidade e limites. Antes de banalizar a greve, a APLB deveria pensar na formação dos cerca de 18 mil alunos da rede municipal, cujo futuro está perdido. Eles vão entrar no mercado de trabalho em desvantagem, fora o fato do Ideb (índice que mede a eficiência da educação básica) já refletir a má qualidade do ensino público no município.

Classe privilegiada

A APLB não está levando em conta os reajustes já conquistados pelos professores, que ganham salários acima do piso nacional em Eunápolis. A categoria é uma das mais bem pagas entre os servidores municipais. E todos recebem em dia, antes até dos demais servidores. Na pandemia, receberam mesmo sem dar aulas presenciais.  

Quase um ano de greve

Na gestão da prefeita Cordélia, de janeiro de 2021 até setembro de 2023, a APLB liderou quase 12 meses de greve (somando-se os dias de paralisação). Praticamente, são 365 dias fazendo greves. Marco único na história. Quem paga o pato? O aluno pobre, a família pobre. A sociedade eunapolitana.

Guerra partidária

Na paralisação desta terça (19), há um componente político por trás das cortinas que precisa ser revelado. A sintonia dos partidos da base do governador Jerônimo – PT, PCdoB, PSB e PSD – para desestabilizar o governo da prefeita, por ela ser do União Brasil. Não há greve em cidades com prefeitos desses partidos citados. É uma guerra partidária também.   

Quando a APLB consegue encaixar a narrativa política, aí é só botar o bloco na rua e mandar pro espaço o futuro dos alunos. Da rede municipal, claro. O sindicato parece não enxergar as mazelas da rede estadual. Ou se enxerga, não faz barulho.

Diálogo

A queixa da APLB é de que a gestão municipal não dialoga. Com a palavra a secretária de Educação, o secretário de Gestão, que já deveriam ter se manifestado antes de estourar a nova greve. Ficam evitando o embate por que? Quem cala consente. Mostrem as atas das reuniões, abram o jogo, contem tudo. O jurídico da prefeitura também deve se pronunciar e agir. Estão deixando a prefeita sozinha na batalha. 

O fato é que a população eunapolitana não pode mais ficar refém dessa guerra. É preciso dar um basta! 

 

Por Geraldinho Alves, jornalista e editor do Bahia40graus